História

A Santa Casa da Misericórdia de Fão foi fundada por um grupo de fiéis que se dedicavam a realizar as obras de misericórdia, junto dos mais pobres, a 02 de dezembro de 1600, e a sua história, de mais de quatro séculos de existência, é caracterizada por atos de benemerência que se repetem até aos dias de hoje.

Com a construção da sua Igreja da Misericórdia, no início do século XVII, é erigida a seu lado uma pequena e modesta casa, que serviria de albergue aos peregrinos que em Fão passavam a caminho de Santiago de Compostela, na Galiza. É possível que tivesse sido a partir dessa altura, que neste asilo/hospital se tivesse começado a acolher doentes e indigentes de Fão, além de tratar dos peregrinos.

Entretanto, num acórdão da Mesa Administrativa de 26 de abril de 1801, é referida a necessidade de ampliação desta casa com a construção de um novo piso, de modo a “… acrescer a casa do hospital, unida à mesma Santa Casa da Misericórdia, de se levantar em torre de forma que nela mais comodamente se possam tratar dos enfermos mais pobres e necessitados, atendendo-se mais aos naturais desta freguesia de S. Paio de Fão”. No entanto, devido a problemas financeiros, apenas mais tarde, em 1849, se registou esta ampliação, com a criação de duas salas: uma para o lado da sacristia e outra onde era o Cabido, sendo que esta última daria lugar à criação de uma enfermaria. No ano seguinte, dada a sua elevada procura, começou a ser planeada a construção de um hospital de raiz.

A sua construção foi concluída em 1853, e o Hospital foi batizado de Corpus Christi. Entretanto, devido à falta de recursos, viveu tempos difíceis, acabando por encerrar cerca de um ano mais tarde. No entanto, graças à herança de um dos seus principais benfeitores, João dos Santos Cardoso, reabriu pouco tempo depois, em fevereiro de 1855, tendo o seu nome sido alterado para Hospital S. João de Deus em sua homenagem, e do santo português que se dedicou à cura dos enfermos. Os Estatutos do Hospital foram aprovados em sessão da Mesa a 31 de agosto de 1854, e por decreto de 03 de janeiro de 1855 e alvará de El-Rei D. Fernando, regente na menoridade do filho, o Rei D. Pedro V, com data de 10 de janeiro do mesmo ano. Através deste documento, foi possível compreender que o Hospital dispunha de duas enfermarias, uma para cada sexo, e salas para acolher pessoas que pudessem pagar o seu tratamento, conforme a doença que padeciam.

Em 1902 foi decidida a construção de um novo edifício, com melhores condições, no Lugar do Alto, de modo a albergar a sede da instituição, o Hospital e um Asilo. O mesmo foi inaugurado a 30 de setembro de 1908, e a este respeito o Guia Ilustrado de Esposende, da autoria de Joaquim Leitão, publicado em 1908, refere que o hospital de Fão é “Hospital modelo, luxuosamente amplo, não falta ar nem luz”. Além de acolher pobres incapacitados de todo o concelho, este Hospital-Asilo deu guarida e cuidou, sobretudo, dos pobres da zona sul do Cávado.

Nos primórdios dos anos cinquenta, surgindo a oportunidade de uma equipa de cirurgiões passar a operar em Fão, foi necessário dotar o Hospital de condições para a prestação de novos cuidados de saúde. Deste modo, com o apoio de um conjunto de benfeitores, alguns deles emigrantes no Brasil, foi possível o apetrechamento de uma sala de operações, a instalação de um gabinete médico-dentário, a criação de uma sala de urgências e a instalação de um aparelho de raio-x.

No entanto, rapidamente este edifício se tornou pequeno para a atividade que desenvolvia, surgindo a necessidade de se construir um Lar, anexo ao Hospital, nascendo em junho de 1980 o seu Lar S. João de Deus, que dispõe de uma capela adjacente, destinada à celebração da eucaristia para os doentes e hóspedes, e mais tarde aberta à comunidade.

Desde então o Hospital não parou de crescer, sofrendo ao longo dos anos sucessivas ampliações e melhorias, com o empenho e esforço das diversas Mesas Administrativas, dando, assim, resposta a novos e exigentes desafios da comunidade: Laboratório de Análises Clínicas, Imagiologia, Endoscopia, Fisioterapia, modernização do Bloco Operatório, aumentando assim o número e o leque de serviços prestados.

Em 1987, a Instituição, com a preocupação de se constituir uma ajuda valiosa também no acolhimento e orientação das crianças da comunidade, avançou com a construção de uma Creche e Jardim de Infância no lugar de Santa Bárbara.

Mais tarde, com vista à criação de novas respostas sociais dirigidas à terceira idade – Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário – A Santa Casa da Misericórdia de Fão avançou com a construção de um Centro Social, no Lugar das Pedreiras, iniciando a sua atividade em outubro de 2006.